quinta-feira, 23 de junho de 2016

Trânsito Caótico em Belém : procura-se o culpado

"A única situação que você deve cuidar da vida dos outros, é no trânsito."(Cassal Brum)







Tempo perdido, estresse, cansaço, dor de cabeça, ansiedade e entre outros sintomas são comuns para a população que utiliza transporte público ou particular na metrópole paraense, atualmente. Todos os dias trabalhadores, estudantes enfrentam a mesma rotina. As horas que deveriam ser usadas para o descanso são usadas em um trânsito parado do dia a dia. Em uma época onde o tempo é muito precioso e contado, perder mais de uma hora parado não dar.

Segundo a psicóloga, Aline Menezes, a relação do trânsito com a saúde mental é muito forte. "Uma pessoa quando está dirigindo, já tende a ficar em um nível de alerta. O carro é visto como uma arma, então já é algo que gera uma elevação do nível de estresse, pelo fato das pessoas terem a possibilidade de atropelar alguém, ou cometer alguma infração. A pessoa já fica com um grau de alerta, seja pela autoproteção física, a proteção do seu veículo e pela proteção de terceiros. Quando o trânsito flui bem, esse estresse consegue ser bem controlado e ao sair do veículo volta ao estado basilar".  Quando há uma situação de um trânsito caótico e as pessoas atrasam seus compromissos, em que há um risco maior de bater o carro, e assim por diante aumenta a pressão arterial. Gera um nível de estresse que inclusive pode permanecer após a saída do veículo.


"A gente percebe uma condição patológica, então se uma pessoa que fica o tempo todo lidando com um trânsito caótico, pode gerar dano para o ambiente de trabalho, ambiente família, etc. O estresse fica por mais tempo, estão o cidadão vai ficar mais propício à agressividade, com atitudes mais impulsivas, entres outras atitudes que prejudiquem a si mesmo e aos que estão ao seu redor. Aos que já possuem uma doença como pressão alta ou baixa ou outras doenças o nível torna-se mais agravante, mas a pessoa que não possui alguma doença pode adquirir, pelo fato de ficarem várias horas em apenas uma posição que não é aconselhada, acaba possuindo problemas na coluna, dores musculares, má circulação do sangue. Então o trânsito caótico é prejudicial para saúde física e psicológica", afirma Aline Meneses.



De acordo com Stefani Freitas guarda municipal e administradora da HONDAC, que dar apoio aos órgãos de trânsito com AMUB e DETRAN, os principais culpados para o caos do trânsito foi a falta de visibilidade para o grande crescimento que Belém sofreu nos últimos anos. A frota de veículos aumentou absurdamente e Belém não estava preparada para este grande inchaço.   O governo ajudou bastante para o financiamento de carros e hoje qualquer trabalhador pode adquirir um veículo particular, porém o que o governo não disponibilizou foi a estrutura para receber este aumento de veículos.


 "A falta de conscientização dos motoristas e pedestres atrapalham de forma considerável o trânsito, junto com a falta de fiscalização. Leis mais severas e campanhas de conscientização melhorariam bastante. Se não houver um bom projeto para a metrópole daqui a alguns anos o trânsito para, pois cada vez mais a frota está aumentando e as vias congestionando. De acordo com os meus dados, Belém está com alguns seus projetos em andamento como o BRT, o alongamento da João Paulo II até a Alça Viária e o alongamento da Avenida Independência até Marituba, porém há muito a ser feito", informa Stefani Freitas  .


Saulo Gomes é motorista de ônibus e para ele  o trânsito ultimamente é imprevisível, pois em um dia pode demorar uma hora e em outro demorar mais. Antes se estipulava o tempo em que se saía de casa, hoje mesmo saindo duas horas adiantadas para ir a um lugar que se gastaria meia, ainda assim corre o risco de se atrasar para o seu compromisso, pois no transito de Belém tudo pode acontecer. Sua profissão é mais complicada ainda. Ele passa a maior parte do seu tempo dirigindo e enfrentando o congestionamento e o estresse do trânsito de Belém.

"Os acidentes estão acontecendo com mais frequência, o que piora a situação, e para quem tem responsabilidades a cumprir, a preocupação é bem maior. No caso do meu patrão, compromete bastante o seu serviço, nós dois somos prejudicados. Viver imprevisivelmente e com estresse hoje em dia virou rotina, e não acredito que um dia possa melhorar, pelo contrário, piorou de uns cinco anos pra cá, daqui a alguns anos acredito que a situação será bem pior", lamenta Saulo Gomes.
 
Não apenas Saulo mais uma boa parcela dos motoristas que possuem uma responsabilidade maior que é a atenção no transito, sofrem com a sua piora. O trânsito de Belém gera desconforto e indignação para toda a população Todos esperam dos órgãos responsáveis as possíveis soluções. Procuram-se então os culpados para este caos, procura-se o júri para esses culpados.

Raimundo Alves é vendedor de carros usados. Segundo ele a venda dos veículos diminuíram nos últimos dois anos. Ele acredita que deva ser pela facilidade que se tem hoje para comprar um carro novo. As pessoas estão dando prioridade na compra de carros novos e estão conseguindo bastante desconto. Atualmente o governo ajuda de uma forma significativa as compras de carros.

"Os preços dos carros estão diminuindo por conta dos novos estarem abaixando também, mesmo assim a preferência em financiar um carro novo é mais frequente. Acredito que a tendência é que os preços continuam a abaixar nos próximos anos”, relata Raimundo Alves.

 Levando em consideração o aumento da frota com o passar dos anos, a troca dos veículos particulares ao invés dos coletivos, a falta de estrutura, a falta de fiscalização, as impudências, etc. entende-se que há vários motivos pelo caos. Uns culpam mais um do que outro, em outros casos o culpado é apenas um e tira de si a responsabilidade, porém não basta culpar terceiros. Cada um possui uma responsabilidade como cidadão. Uns mais do que outros, porém a cidade que por sinal é a metrópole do Pará, merece uma atenção e cuidado de todos em qualquer grau de hierarquia, afinal já está na hora de aprender a viver em sociedade um ajudando o outro.

Não adianta culpar o governo, cada um deve fazer a sua parte de acordo com a sua função no trânsito, seja pedestre, seja ciclista, sejam motociclistas, seja motorista , seja os órgãos públicos, seja o a prefeitura ou governo do estado. Todos possuem uma responsabilidade social. 

Os culpados devem ser presos, na prisão chamadas 'educação'. Aos maus condutores fica responsabilidade de ter paciência e prudência para facilitar o trânsito; aos órgãos fiscalizadores e responsáveis do transito de Belém fica o compromisso de cumprir sua função, para que haja o cumprimento das regras e principalmente organização; e ao governo fica a estratégia para que cada dia possa resolver os problemas de Belém do Pará, que não são poucos e que nem podem ser resolvidos de uma hora para outra, porém essa estratégia servirá para melhorar a cidade, pois a mesma merece respeito e muita dedicação sendo ela o espelho das demais cidades do Pará. É claro que todos devem tomar consciência de que a tendência é sempre piorar, pois não devemos nos esquecer das estatísticas básicas. Como o crescimento da população e da frota de veículos, a questão a ser tratada é a adequação a esses fatos, como minimizar o problema.

No trânsito a mudança deve ser mútua. O governo trabalha e a população ajuda, para que cada ponto possa ser explorado para o aprimoramento e que com o tempo as pessoas possam se adequar com está cidade que está mudando, que está crescendo e que se torna cada vez mais urbana, infelizmente. Que junto com o crescimento venha o desenvolvimento e a dedicação recíproca, para que as próximas gerações não sofra mais do que esta.