Não quero adultos nem chatos.Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.( Oscar Wilde)
O
modo de se viver transforma-se com passar do tempo, o “Belo”, ou seja, a
maneira com que a pessoa admira determinada coisa, não é o mesmo de anos,
décadas e séculos atrás. Todo conceito de moral, arte, música, produtos vem
tendo concepções diferentes a cada passagem de estação. O que os escultores
antigos diriam se vissem uma privada em cima de uma mesa, em uma exposição de
arte? Ou os músicos clássicos ao se deparar com o “lepo, lepo”? Ou um escritor
antigo ao se deparar com o twitter?
Enfim,
hoje a massa não se ver sem a internet (o seu belo), o que para os antigos
seria algo assustador. Tanto a arte; como a música; como os meios de
comunicação a cada dia passam por um processo de “inovação”. Será que o belo
atualmente em todos os aspectos são produtivos como antes? Estamos avançando na
tecnologia e regredindo nos valores relacionais e sociais? A massificação
do belo gerou uma padronização da cultura para todas as idades e classes.
A Industria infantil
A Industria infantil
Antigamente
pensava-se praticamente no público adulto, porém hoje em dia todos os públicos
são alvo da doutrina consumista. Do bebê ao idoso, o importante é vender para a
massa. Isso consequentemente vem mudando todo o conceito de beleza do
mundo. Hoje, sem as ideologias; sem os questionamentos; sem
olhar sensível, o dinheiro tem sido o belo da sociedade.
Pouco
se fala da concepção de belo para as crianças, afinal elas por um bom tempo
eram insignificantes para a “sociedade”. Antes eram olhadas exclusivamente
pelos seus pais. Eles que mostravam a beleza dos valores . Era um tempo, em que o belo era
semeado de geração para geração. Tudo isso acontecia até chegar à
padronização da estética. Detalhe, o produto para esta doutrina não é apenas o que se pode ser
feito nas fábricas, mas tudo mesmo tornou-se produto, até o próprio ser humano.
Então,
o capitalismo voltou os olhos também para as crianças. Elas vêm sofrendo mutações
de valores constantemente e são nelas que se devem colocar todas as
preocupações. Afinal, o futuro depende muito do que são no presente e que
formação possuem. Com a cobrança do mercado e as enormes diferenças sociais, a
família não agrega tantos valores como antes. Os pais não possuem tempo como
antigamente. Não mudou apenas a
concepção de belo na sociedade, mas principalmente o sistema e a maneira de se
viver.
Os
produtos infantis não se diferem aos demais padrões de beleza que o sistema vem
promovendo. É o famoso belo pregado pelo modelo atual
(capitalismo), ou seja, extremamente consumista e egocêntrico. Sim, de fato, as
crianças também entraram no mundo louco do consumo. De uma maneira drástica, o
mundo infantil está se transformando. Com essa transformação toda sociedade
sofre e altera-se também. Não é à toa que se ver tanta violência em
adolescentes a crianças atualmente.
Nostalgia
Antigamente
o belo para as crianças, eram as brincadeiras de rua com os amigos. Não existia
uma mídia que influenciasse como hoje. Muitas nem possuíam televisão, sendo
assim, as crianças usavam sua imaginação e criavam a sua própria beleza. Era o
tempo dos barquinhos de papel, revolver de madeira para brincar do famoso
"policia e ladrão". As bonecas de pano na maioria das vezes eram
feitas pelas mães e eram as melhores. Tinham até as bolas de papel para jogar
futebol, quando a de plástico furava, ou até garrafa de Pitchula com
areia. Enfim, a molecada se divertia, brincando
na rua, sem produtos caros ou de marca, pois a diversão não estava no valor
material e sim na própria brincadeira.
Na
velha infância, tinham muitas brincadeiras saudosas, hô e que saudades, não
apenas de brincar, mas de ver essas brincadeiras com outras crianças. Bandeirinha;
taco-bol, queimada, pula-corda, pipa e por aí vai. Engraçado, era quando passava
um adulto na rua, e a molecada dizia "parou, parou, deixa o tio
passar". Hoje em dia, quando é que alguém se depara frequentemente com
crianças brincando na rua? Vale lembrar que até a classe baixa está aderindo à tecnologia.
A
falta de recursos não era barreira para se divertir. Não precisava de uma alta tecnologia para ser
feliz, pois bastava à criatividade da meninada com um toque de simplicidade. O belo
era a amizade recheada de diversão, não importando com o que, apenas se brincava
e era feliz. Nada atrapalhava a criatividade da criançada. Uma época de grandes ideias para se brincar
e as amizades inseparáveis no "mundo real", eram as melhores, as
inesquecíveis.
A
cidade não era violenta e não havia muros nos quintais. Os pais deixavam suas crianças brincarem sem
medo da violência. A vida da criança era estudar e brincar, com toda inocência
que antes existia. Não havia inveja entre si, e nem a ganância de comprar o
brinquedo ou produto da ultima geração para ser melhor que o colega. A
competitividade não existia e sim o companheirismo, pois a simplicidade é ser
feliz com o que tem e saber que o mais valioso na vida não tem preço. Olhando
as crianças atuais, não se vê a felicidade da naturalidade.
A
liberdade e a simplicidade era o belo de uma época não muito distante. Havia muitas brincadeiras de rodas, dentre
outras brincadeiras que não precisava de produtos caros para se sentir
realizado. Realmente, não é uma época distante que a explosão da televisão e outras
tecnologias mudaram a concepção de belo nas crianças. Uma
época em que bastava ganhar uma boneca ou uma bola no dia das crianças que a molecada
dava pulos de alegria. Uma época em que, apesar do capitalismo já existir não
contaminava as crianças, pois as mesmas não possuíam a ideia do consumismo
desequilibrado.
Antes
bastava desenhar no chão e com algumas pedrinhas se brincava a tão famosa
amarelinha. A maioria dos produtos
infantis era desse jeito, com a própria imaginação e com os simples recursos da
época. O belo para as crianças era correr muito com as brincadeiras de
rua. Correr até cansar, brincar até
anoitecer. Agora, os brinquedos já veem prontos das lojas. As crianças não
precisam mais forçar sua mente, muito menos
ter trabalho manual para isso, pois a fábrica infantil se encarrega de tudo.
O belo padronizado
O
que vemos hoje? As bonecas são perfeitas, que idealizam um padrão de beleza que
não existe na realidade. Consequentemente, tornam as meninas complexadas,
buscando sempre ser igual à Barbie, Susi etc. As bonecas, sempre loirinhas de
cabelos lisos, de olhos azuis. Aí se pergunta: Qual menina vai querer ter uma
filha moreninha, se brincou a infância toda com bonecas branquinhas? Estão
inserindo bonecas morenas, ruivas no mercado; entretanto ainda é algo muito
primário, a estética já foi inserida nas meninas, que na adolescência alisam e
pintam os cabelos, compram lentes azuis.
Os
bonecos são aqueles dos desenhos animados violentos, o que por sinal incentivam
brincadeiras violentas entre os meninos, o que futuramente gera a violência. Afinal,
todos sabem que o momento principal da formação do indivíduo é a infância. Tudo
que a criança ver, é absorvido por ela. Eis o perigo e a responsabilidades dos
pais nesta formação. Por isso muitos não entendem o motivo de seus filhos serem
tão rebeldes.
Chegou
para as crianças o "belo mundo virtual", que tira a infância real . Elas passaram a se trancar em quatro paredes, para ter "amiguinhos
virtuais", tornando-as precoces tirando sua inocência e essência infantil. As crianças não usam mais sua criatividade e energia para se
divertirem. As mudanças nesses produtos
tornaram as crianças mais violentas e aéreas da realidade. Crianças com depressão, obesas por comerem pouco.
As
guloseimas que aparecem na televisão, também são atrativas para elas e ficar
sentado na frente de um computador, não gasta energia e muito menos perde peso.
Triste consequência
Hoje as crianças estão cedo no mundo das drogas e da criminalidade, o que antigamente era difícil de existir. Antes os pequenos infratores eram aqueles que moravam na rua, roubavam para comer, não tinha casa, família e a educação. Um adolescente que tem tudo para ser de bem, tem casa família; se mete na criminalidade, apenas por influência, por desejar o "belo" da atualidade. É a famosa ostentação.
Toda
aquela simplicidade, não faz mais sentido no mundo contemporâneo. Infelizmente a beleza para crianças, é
simplesmente o que se passa para elas.
Não que seja sua culpa, mas a sociedade mudou e junto com ela as
tecnologias, e junto com ela a mentalidade das crianças. Antigamente não se
importava com o que as crianças brincavam, eram invisíveis, eram apenas crianças
sem poder de decisão. Mas os
capitalistas viram nelas uma fonte de lucros e realmente conseguiram o sucesso
nas indústrias de produtos infantis. Em
que geram fortunas com os novos Playstation, tabletes, brinquedos e computadores.
As
tecnologias passaram a interessar o meio infantil, entretanto as atitudes das
crianças mudaram também. Atualmente é
mais difícil criar um filho com tantas inovações e com um consumismo descarado.
O desejo dos pequeninos pelo aparelho da ultima geração; a necessidade de trocar
o seu brinquedo antigo pelo mais atual e tecnológico saiu do controle e do
orçamento. Como se o antigo fosse
careta e o simples fosse sinônimo de pobreza.
As
desigualdades que esses produtos promovem no meio infantil são extremamente
absurdas, pois nem todos podem comprar o que estar na moda. Com tantos produtos
infantis, com preços exorbitantes os pais se desesperam nas despesas. Brincar agora se tornou bem caro. O belo nos produtos infantis mudou em pouco
tempo. Com isso, a geração atual também mudou e a futura consequentemente
mudará. Isso ocorre, de acordo com a transformação que
a sociedade sofre, é inevitável. Ao mudar os valores uma série de questões se alterarão.
É
a lei da física, “toda ação há uma reação”, tudo que muda têm a sua consequência.
Todos os valores morais; a inocência que era o mérito dos pequeninos; hoje não
é mais. Não adianta um pai criar de
uma maneira e a televisão; o computador; o vídeo game criarem de outra.
Crianças que brincam de violência como nos desenhos serão adultos violentos;
crianças que pulam etapas se entretendo apenas no mundo virtual; serão adultos maliciosos.
As
indústrias poderiam ter essa percepção e mudar o belo nos produtos
infantis. Fazer voltar os tempos da inocência
e oferecer produtos de acordo com suas idades. O mundo agradeceria, pois ele precisa
de gerações honestas, puras, sem ganância e violência. Todos esses aspectos
começam na infância para perdurar na fase adulta. Mas é claro que hoje é algo
impossível, pois o ter é mais importante que o ser. O que governa o mundo é o
dinheiro, mesmo que destrua com toda uma sociedade. O certo, é que feliz foi aquele que quando criança
conheceu outra visão de belo, nas suas brincadeiras simples e inesquecíveis.
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