quarta-feira, 4 de março de 2015

EU TENHO MEDO DO FUTURO

"O que se faz agora com as crianças é o que elas farão depois com a sociedade".(Karl Mannheim) 



Em todas as áreas da vida é preciso pensar e repensar sobre os direitos e deveres na sociedade. Vive-se em uma sociedade onde a lei é perfeita, mas o cumprimento dela é vexatório. Essa sociedade é moralista, preza pela "família", mas só se for a sua. Cada um pensa apenas no seu próprio mundinho. E isso nunca vai ser "viver em sociedade".

  A situação só é compreensível quando passamos por ela e quem quer passar pela classe miserável de onde vem esses pequenos criminosos? Muito se fala, pouco se faz. E o futuro tenebroso se aproxima cada vez mais. Querem uma lei para a diminuição da maioridade penal, mas o que isso levará? 

Pensar em conjunto é tarefa difícil, mas é disso que nosso futuro depende. Muitas idas e vindas na história; muitas guerras e conflitos, no qual fica claro que a violência sempre existiu. As desigualdades sempre foi o motivo predominante dessas guerras, a ganância de poucos, a ignorância de muitos.

Em situações diferentes em contextos diferentes, ela não é nenhuma novidade. Certo, hoje essa violência está bem mais dolorosa. Se trata de crianças e adolescentes que vão para o caminho da criminalidade, vivem pouco, e o pouco que vivem com certeza é infernal. É triste vê-los pegando em uma arma, ceifando vidas de inocentes.

É penosa ambas as partes, tanto do violador como do violado. Exaustivo acompanhar tanta violência. Não se pode vencer esse mal com mais violência. Dizem que violência gera mais violência e eu acredito nisso. Não se pensa na educação, na arte, música, integração. Apenas na punição. É uma sociedade de dedo na cara, acusações.

 Mais uma vez coloco na questão a importância de solucionas as causas e não os efeitos. Isso aprendi com meu professor de ética jornalística há algum tempo, Alexandre Lins, e fiquei com isso na mente, não vou esquecer. Sendo em questão de estado ou particulares, resolver as causas é mais importante para não surgirem efeitos terríveis no futuro.

Não tem como não se revoltar como andam as coisas na sociedade. O sistema, às diferenças sociais, às injustiças. O mundo está se fechando. São problemas ambientais, econômicos, sociais. Problemas na educação, que na verdade, a falta dela é o principal problema. Sem ela, a sociedade virá no que se chama Brasil.

 Agora faço da canção de Raul Seixas as minhas palavras "Seu moço do disco voador me leve por favor", pois está complicado e isso pra todo mundo. Mas, como já havia dito, só nos preocupamos quando acontece com a gente. "Que se dane os favelados com os tiroteios e a violência", agora que ela é generalizada todos querem tomar providências, claro, irracionais e egoístas.

O sistema penitenciário está na falência, na verdade sempre esteve. Não há uma preocupação do governo e da sociedade de receber novamente esses presidiários para o convívio social. Um adolescente que entra com 16 anos, vai sair no auge da sua juventude. Um adulto revoltado, com ódio de quem tem tudo que ele não teve. Querem lutar pela a diminuição da maioridade penal, mas porque não se luta com o mesmo gás pela educação?

A sociedade está revoltada e desesperada com o caos da insegurança. O desespero leva a imaturidade e até mesmo a irracionalidade. A Mídia que deveria levar a massa ao conhecimento e ajudá-la a resolver seus conflitos da melhor maneira possível, apenas piora o que já está lamentável para os ditos "animais racionais". Estamos indo para um caminho assombroso. Uma justiça falha, uma política corrupta, uma mídia mercenária, uma sociedade alienada.

Família


A revolta e a criminalidade é uma consequência da desigualdade social. Ninguém tem pena de uma criança ou adolescente que não teve família, que passou fome, que comeu o pão que o diabo amassou. Será que eles vão ter pena da sociedade que a jogou neste mundo? Será que colocar esses menores no mesmo lugar de adultos resolverá a criminalidade? E quando este sair da prisão?

As crianças antes representavam a pureza da sociedade, é inadmissível que hoje represente insegurança, medo, ódio, revolta. O que levaram esses dados catastróficos? Há explicação para esse terrível mau no meio infantil?

Basta analisarmos a história que veremos muitos motivos para esse agravante. Acreditem, a falta de leis para a diminuição da maioridade penal não é algo relevante de se pautar. A violência não diminuirá. Serão adultos mais perigosos no futuro. Mais policiais, mais presídios não diminuíram a violência até hoje. O que vejo nitidamente que aumenta a violência é a diferença social e o sistema corrido atual.

Primeiramente, coloco o papel fundamental da família, a base estruturar de qualquer cidadão. Embora haja exceções, o ambiente no qual o indivíduo se encontra influencia muito no seu caráter. Vemos em um mundo desigual, um mundo desenvolvido tecnologicamente, porém que retrocede no cuidado com a moral e com os bons costumes.

Ao mesmo tempo em que a sociedade avança cientificamente ela regride moralmente. Antigamente, embora não houvesse tantas tecnologias havia costumes familiares e sociais que faziam da sociedade um ambiente melhor de se viver. Os ensinamentos familiares são fundamentais para o crescimento de um ser.

Deve ser por isso que a geração atual está tão caótica, com a mudança de ambiente tudo ficou diferente. A mulher passou a trabalhar fora juntamente com o pai. O capitalismo com suas cobranças, tornou o sistema apenas preocupado com a materialidade e com o presente. Não há tempo para a família e sim para o trabalho que é cobrado.

Tecnologia

É a nova era na sociedade, a ciência avançou muito, o que torna o mundo virtual uma febre que atinge em massa as crianças e adolescentes de todo o país e de todas as classes sociais. Deveríamos ficar felizes com tantas inovações, porém ao mesmo tempo que a saciedade avança, também dar paralelamente um passo para trás.

  A tecnologia tem retardado a moral humana, poderia uma ótima ferramenta para o aprendizado. Mas o que vemos são crianças viciadas com jogos, nas redes, acelerando um processo de crescimento. Amadurecendo cedo demais. É a era da ostentação. Todos querem as novas inovações.

 Em um mundo tecnológico, onde se troca de tecnologia como quem troca de roupa. Todos com seus aparelhos da última geração, esbanjando riqueza. Um indivíduo da classe baixa não vai medir esforços para "ostentar" também. É o que se espera de um sistema amplamente desigual. Poucos tem muito, muitos tem pouco.

Governo

Na história do ser humano nunca se viu um modelo ideal de governo. E olha que foram vários. A verdade é que o se humano em si, não sabe viver em comunidade e uma liderança menos ainda exercer seu papel. Houve e ainda há guerras, governos absolutos, ditadores, oligarquias, monarquias, democracia; enfim vários modelos fracassados no qual a violência nunca deixou de existir e onde a classe baixa sempre foi a mais penalizada.

Tratando-se do Brasil, um país ‘democrático’, porém capitalista, as diferenças sociais são expressivas demais, consequentemente a violência vem junto. O governo como sempre não toma as devidas providências e mais uma vez a classe menor passa a sofrer. É impressionante que os séculos passam e o rico fica mais rico e o pobre mais pobre.

Acho "incrível", por sinal, nossos representantes brigarem por leis como a diminuição da maioridade penal e não pela educação, saúde, saneamento, lazer. Passam horas brigando por um absurdo.

E o futuro?

 Tenho medo do futuro, pois o presente já está assustador demais. Das cobranças do sistema, que empurra cada vez mais os menos favorecidos para o abismo. Tenho medo desse mundo onde a pressa e a falta de tempo para questões básicas são os grandes vilões da sociedade.

Meu maior medo é a falta de solidariedade, pois nessa desigualdade sem fim, os mais fortes devem ajudar os mais fracos. Não é o que acontece. Os fracos a cada dia são jogados a própria sorte. Os fortes usam sua força para usos pessoais.

 Eu tenho medo do futuro, não apenas por esse pequenos infratores, mas pelas medidas que são tomadas para solucionar esses problemas. Eu tenho medo de uma sociedade cada vez mais fria, egocêntrica, irracional.

  Eu tenho medo de como as coisas andam, da família cada vez mais separada, da rotina cada vez mais corrida, de um mundo cada vez mais consumidor, destruidor, desigual, desumano.

Eu tenho medo do futuro que se aproxima, bem rápido. Que esse meu medo não seja maior que a minha coragem, de dizer o que penso, mesmo que a maioria não concorde.

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