sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A paixão pela Amazônia de Marcilene Rodrigues

Por: Daniele Maciel
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Artesões, ourives, lapidadores e designers fazem parte da cadeia produtiva que está por trás da produção das joias paraenses. Entre os profissionais inseridos na cadeia produtiva de Marcilene estão: Leila Salame; lapidária, Eugênio de Oliveira e Paulo Tavares; artesões e Joelson Leão; ourives, ambos citados pela designer, que admira a competência e a atuação de cada um na elaboração de uma peça.
As peças de autoria da designer ganharam visibilidade no Pará, no Brasil e no Mundo.  Foto: Daniele Maciel

De pele branca, olhos azuis e cabelos loiros a designer Marcilene Rodrigues, natural do interior de Itaituba, no oeste do Pará escreveu uma nova história a partir do encantamento pelos trabalhos manuais. Os trabalhos como psicóloga nos consultórios médicos ficaram de lado para se dedicar as biojoias, na busca de evidenciar a cultura paraense e na versatilidade que são empregadas em cada peça.

As peças de autoria da designer ganharam visibilidade no Pará, no Brasil e no Mundo. O despertar por trabalhos manuais não é algo de hoje. “Desde pequena eu sempre gostei de trabalho manual, trabalhava com artesanato e assessórios desde os quatorze anos, eu lembro quando me deram 20 reais ai eu pedi para minha mãe me levar para comprar um kit de fazer bijuteria. Nossa, pronto, me apaixonei!”, declarou.

Em 2007, iniciou o curso de ourivesaria, na escola Rahma, oferecido pelo Polo Joalheiro do Pará. Segundo Marcilene, é fundamental aprender manusear a peça pra ter noção do processo. “Vi no Polo Joalheiro, no curso, uma maneira de melhorar o meu trabalho, ai tu vais te apaixonando, tu vais vendo o conceito de biojoias diferente, porque eu trabalhava com semente, trabalhava com essas coisas, mas era aquela coisa mais biju, ai a gente muda o nosso olhar, esse olhar para a Amazônia”, afirma a designer.

Os insumos que são usados para confecção, ou seja, composição das biojoias podem ser as gemas minerais, gemas vegetais, os metais, por exemplo, o ouro; a prata e o cobre, chifres de boi e de búfalo, ossos de boi, até mesmo resíduos de madeira. Insumos da região que poderiam ser descartados no lixo, no ramo das biojoias acabam ganhando uma nova utilidade, que geram emprego e renda.

No ramo das biojoias a terceirização é algo comum, logo, os que fazem parte da cadeia produtiva tendem fornecer insumos e mão-de-obra de forma terceirizada, ou seja, tendem a montar a própria equipe que pode variar com necessidade. Nesta área a parceria é primordial para que todos tenham êxito, o designer tem que entender que nem tudo que está no papel é possível ser produzido.

Artesões, ourives, lapidadores e designers fazem parte da cadeia produtiva que está por trás da produção das biojoias. De acordo com Marcilene Rodrigues, conhecer o processo de produção das peças e importante para não puxar a orelha desnecessariamente do parceiro que faz parte da cadeia. Entre os profissionais inseridos na cadeia produtiva de Marcilene estão: Leila Salame; lapidária, Eugênio de Oliveira e Paulo Tavares; artesões e Joelson Leão; ourives, ambos citados pela designer, que admira a competência e a atuação de cada um na elaboração de uma peça.

Desde 2008 a designer participa de exposições e de feiras, no mesmo ano formalizou a marca de sua propriedade “Silabrasila Joias”. Por mais que integre o Projeto do Polo Joalheiro, nada a impede de fazer trabalhos independentes, a exemplo a marca e sua atuação no projeto “Garimpo” que reúne trabalhos de designers, em espaços cedidos por lojas que vendem biojoias, o mesmo ocorre no Polo Joalheiro, onde suas peças ficam expostas na loja Una.

Uma biojoia produzida é quase uma peça única, pois raramente uma peça é igual à outra, por ser artesanal. Logo, são produtos que demoram a ser produzidos. Para a designer, o prestígio da atividade vem ganhando força. “Reconhecimento do trabalho é saber que a gente não está dando murro em ponta de faca. Antes era um pouco desacreditado, e a gente perceber que aquilo que nós temos é muito bonito, é muito valorizado. É gostoso poder trabalhar com as coisas que te dá prazer, por estar divulgando a tua cultura", pontuou. Destacou ainda sobre a aceitabilidade das biojoias no mercado: “O Pará está redescobrindo o Pará, lá fora é uma aceitação fantástica, aqui está tendo essa redescoberta”.


A dedicação do Ourives Joelson Leão

Por: Soniely Farias 
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Joelson além de trabalhar com o metal bruto, ouro e prata, também faz a incrustação paraense. É sua especialidade. Aplica resinas da terra, um diferencial. Dependendo da joia, compra matérias de outros produtores, como gemas e madeiras. 


“Os ourives entram com o trabalho pesado na formação de uma joia, é como um engenheiro que só desenha o prédio, mas quem constrói são os peões”. O relato é de, Joelson Leão, ourives há 19 anos. Não foi difícil conversar com ele. Pessoa bem acessível, apesar da correria. De boa conversa. Estava ocupado, apareciam clientes, tinha demanda. Mesmo assim a atenção foi ótima. Houve várias paradas entre chegada de clientes e serviços. Sua entrevista aconteceu no Polo Joalheiro, o lugar onde atende e trabalha.

Joelson, além de trabalhar com o metal bruto, ouro e prata, também faz a incrustação paraense. É sua especialidade. Aplica resinas da terra, um diferencial. Dependendo da joia, compra matérias de outros produtores, como gemas e madeiras. É dedicado e gosta do que faz. Explica que o especial em suas joias são as cores. “Vai de cada um desenvolver bem o seu trabalho”. O ourives reconhece que cada um tem uma importância na cadeia produtiva de uma joia, mas na maioria das vezes o marketing e o reconhecimento moral e financeiro são dados apenas ao designer.

“O ourives não é designs de formação, mas acaba criando, redesenhando. Temos um papel fundamental com os designers e outros que participam da criação de biojoias. Temos a noção na prática, sabemos o que dá ou não pra fazer”, explica. A peça geralmente é aperfeiçoada pelos ourives. Muitas vezes o designer não tem um entendimento da execução prática da joia. Não entende as limitações. Por isso que o diferencial da joia é a construção da cadeia produtiva e a comunicação entre eles. O ourives acaba ajudando e em casos até cria. A joia acaba sendo um trabalho de equipe, onde cada um faz sua parte e essas relação é fundamental.


Joelson sustenta sua esposa e filho com a profissão de ourives. Faz parte do projeto do Polo Joalheiro e tem a sua oficina. Terceiriza seu serviço. Na sua carreia o apoio do Polo Joalheiro ajuda na estrutura, quando disponibiliza o espaço turístico.

“Apesar da taxa que temos que dar ao Polo, todo o suporte compensa, mas não tenho como depender apenas das vendas daqui”, explicou Joelson. No projeto, ele já participou de vários cursos de capacitação e suas joias são mais valorizadas por conta do espaço turístico, mas seu trabalho já tinha uma história.

Dá forma ao ouro e prata não é tarefa fácil. Uma peça dependendo de qual e, também, do nível do ourives dura em média de um a três dias. Há peças que levam uma semana para serem trabalhadas. O tempo, a prática vai acelerando o processo. Mesmo assim, não deixa de ser um trabalho que requer paciência. São várias etapas, cada um com seu grau de importância.

Para ser ourives tem que gostar, ter uma espécie de relacionamento com o metal. Joelson gosta, não trocaria de profissão, se vê como um artista, pois se inspira e cria. “O ourives é um artesão que trabalha com metal nobre, não deixa de ser uma arte”, completa Joelson.



O olhar de Leila Salame

Por: Michele Lobo
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Leila executa uma profissão rara no mercado paraense, os materiais de manuseio são caros, não vendem no Pará. O lapidário trabalha com gemas orgânicas minerais, conhecida popularmente por pedras preciosas. A pedra bruta é transformada em diversas formas e tamanhos para dar brilho nos cordões, anéis, pulseiras, braceletes e brincos. 
Turistas se encantam com joias lapidadas. Foto: Michele Lobo
A vida de quem depende exclusivamente das vendas não é fácil. Requer dedicação, paciência, contar com a competência de seu trabalho, experiência e muitas vezes com a sorte na economia. “Menina, com essa crise os negócios vão mal, tenho que pagar fornecedores, vou ter que fazer uma promoção para conseguir vender e pagar as dívidas”. A preocupação é de Leila Salame, lapidária desde 1992. Ela estava apreensiva, pois tem uma filha pra sustentar, e é mãe solteira.

Leila executa uma profissão rara no mercado paraense, os materiais de manuseio são caros, não vendem no Pará. O lapidário trabalha com gemas orgânicas minerais, conhecida popularmente por pedras preciosas. A pedra bruta é transformada em diversas formas e tamanhos para dar brilho nos cordões, anéis, pulseiras, braceletes e brincos. 

O trabalho de Leila é uma tarefa minuciosa, tem pedras minúsculas, mas bem trabalhadas. São várias etapas até o produto final, precisa das medidas certas. Leila conta que se errar com a mão tem que polir e refazer tudo de novo. “Tenho que me concentrar para lapidar uma pedra, se não perco material”, conta.

Mesmo com a correria, a lapidária conseguiu um trabalho de destaque na lapidação de gemas orgânicas. Seu principal diferencial na lapidação nacional são os traços marajoaras que caracteriza a região e embeleza uma joia. 

“Eu tenho muitas ideias para o design criativo, mas uma lapidação comum já é bem trabalhosa. Não tenho tempo pra fazer criações, testes. Tenho que pensar na produção, é meu sustento”, revela. Apesar disso, a lapidação é uma paixão para ela. Ama os materiais que utiliza, conhece detalhadamente cada um", explicou.

Como Leila é conhecida no mercado, a maiorias dos fornecedores lhe procuram para vender os minerais. Ela já tem um estoque, que facilita seu trabalho. Assim, quando aparecem as demandas, as pedras já estão disponíveis, pois nem sempre se consegue a pedra desejada. A lapidária não deixa de tocar em um assunto importante, que é a dificuldades de adquirir a matéria prima.

 “O Pará é muito rico, tem quase todos os tipos de gemas minerais, porém a exportação para o exterior é pesada. Exportam toneladas e nós ficamos com quase nada, temos dificuldades nisso”, lamenta. Ainda assim, relatando suas dificuldades Leila não pensa em outra profissão. “Se as pessoas não gostassem do meu trabalho não teria motivo pra gostar, faço com dedicação para que as pessoas gostem também”, concluiu.



A ciência de Paulo Tavares

Por: Micehe Lobo
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Na produção de joias do Pará, Paulo é um grande nome. São 15 anos de pesquisa com gemas orgânicas. Ele utiliza vegetais que seriam descartados e transforma em pigmentações, que em seguida é transformado em pedras.  Um verdadeiro cientista, conhecimento que transforma.  
Paulo Tavares é ourives e pesquisador. Promove cursos no programa Polo Joalheiro. Foto: Michele Lobo

Paulo Tavares é um idealista. Pensa na sustentabilidade. Nascido em Ponta de Pedras, teve um contato especial com a natureza. “Vivia como índio”, conta. Conversando com ele, se tira uma aula de conhecimento. É um pesquisador, um cientista. Entende de Química Orgânica, Botânica, Arqueologia, Biologia. 

Já encantada com tanto conhecimento ele mesmo pergunta. “Você vai perguntar sobre meu grau de escolaridade, não é? Todos que me entrevistam perguntam. Não tenho grau de escolaridade, estudei apenas dois anos em escola de interior”, confessou. Naquela época, no interior, a escolaridade era apenas para o voto, bastava saber escrever o nome. Sua primeira profissão foi de ourives. Geralmente não são profissionais que se dediquem ao estudo. “Todo conhecimento que tenho é do que corro atrás”, explica.

Na produção de joias do Pará, Paulo é um grande nome. A mídia nacional sempre o procura. São 15 anos de pesquisa com gemas orgânicas. Um diferencial para as joias paraenses. Ele utiliza vegetais que seriam descartados e transforma em pigmentações, que em seguida é transformado em pedras. 

“Daqui a algum tempo a maioria das gemas minerais vão acabar, não são renováveis, penso nisso, no futuro”, ressaltou, Paulo. Açaí, pimenta, jambú, urucum, mandioca, pau-brasil, pupunha, etc. Dão origem a pedras de diversas cores, que se semelha com as originais e o melhor, são renováveis.

Além da admiração pelas cores regionais, preza pelo reflorestamento e reaproveitamento de materiais orgânicos “Eu não desmato, não retiro da natureza, reaproveito, planto mudas, faço o que gosto. Se trabalhasse em um escritório de paletó, acho que nem estaria vivo” brinca.
Paulo Tavares mostra uma de suas criações, um filtro para
aproveitar água da chuva. Foto: Michele Lobo

Sua vida é dedicada à natureza. As gemas não estão voltadas ao setor comercial. Paulo também colhe materiais recicláveis, não tem vergonha do que faz. Não possui renda fixa, vive de consultoria, dos cursos que promove no Polo Joalheiro para todas as áreas de produção das biojoias. “Vendemos para os designs, mas não em escala produtiva, gasto mais com as pesquisas do que ganho,” garantiu.. Paulo vai continuar com seu sonho, de tornar o mundo mais agradável com a natureza. Deixou uma lição para nós, que apenas falamos de sustentabilidade, mas não praticamos.



A joia começa do artesanato de seu Eugênio

Por: Michele Lobo
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O mestre Eugênio, como é chamado, faz parte de um dos primeiros processos das joias paraenses, a matéria prima. Ele dá formas geniais em braceletes, anéis, brincos e colares. Usa a madeira, chifre e osso de boi. Começou a trabalhar no artesanato de joias há dezesseis anos. É artesão, escultor e faz acessórios de moda. O mercado de luxo de vários outros países conhece suas peças, mesmo sem imaginar do lugar em que ela é feita.

O Mestre Eugênio é peça fundamental da criação das joias paraense. Se orgulha de onde vem e o que representa na
cadeia produtiva. Foto: Michele Lobo


Chuva, rua deserta, perigo, medo, ansiedade. Meus passos eram apressados. Afinal, as orientações eram: “Vem pela manhã, pois à tarde, depois da chuva é perigoso”. Não contava com uma manhã chuvosa. O bairro é o Tenoné, periferia de Belém. A Rua São José Ribamar, sem saneamento, em época de chuva, muita lama. De longe, avistei uma senhora na esquina sorrindo. “Você está procurando pelo Eugênio?”. Era esposa do entrevistado, Edileuza Pinto, com quem marcamos entrevista. Seu Eugênio tem uma ótima assessora. Respondi que sim, agradecendo, claro, por me esperar na esquina. Ela estava preocupada, pois estava chovendo e eu desconhecia o lugar. Perguntei se podia bater foto da rua. “Não, guarda é perigoso”, contestou. A frente da sua casa era diferenciada, com plantas, parede ainda não rebocada, portão de madeira. Já sabia que havia animais. Afinal, antes por telefone, não tinha como não escutar o galo cantando. Se esgoelando. Edileuza entra na frente para ver se o cachorro estava preso, então chega o entrevistado.


O mestre Eugênio trabalha na ofinica improvisada da sua casa.
Foto: Michele Lobo
Eugênio Carlos de Oliveira, 57 anos, artesão. Peça fundamental na produção de joias Paraenses. Economia criativa, sucesso no Brasil e no exterior. O diferencial é justamente o trabalho feito à mão por artesãos, ourives e lapidários. Seu Eugênio faz parte de um dos primeiros processos, a matéria prima. Ele dá formas geniais em braceletes, anéis, brincos e colares. Usa a madeira, chifre e osso de boi. Começou a trabalhar no artesanato de biojoias há dezesseis anos. O mercado de luxo de vários outros países conhecem suas peças, mesmo sem ter a noção do lugar em que ela é feita.

Faz esculturas desde adolescente e sobrevive apenas do artesanato. No momento, especialmente das biojoias, terceirizando seu trabalho para a maioria dos Designs do Projeto do Polo Joalheiro, no São José Liberto. “Não pretendo ter outro tipo de trabalho, gosto do que faço”, afirma. E não houve dúvidas sobre essa afirmação. Expressava orgulho em todas as suas obras que mostrava. Fazia questão de exibir e explicar suas criações. Sua esposa ajuda no acabamento, juntamente com Adilson, que trabalha todo dia com ele.

O mestre Eugênio dá forma às matérias-primas, desenha e pinta. Um verdadeiro artista. Durante a entrevista, conheci um pouco de todos os seus trabalhos. Até um álbum de fotografias de suas peças ele me apresentou. Sensacional. Não tem como não admirar o diferencial das sua peças e de certa forma sentir orgulho, por ser um artista paraense.

Ao entrar em sua casa, conheci sua oficina, tive um choque de realidade. Deparei-me com uma oficina de estrutura mal acabada. A princípio quase uma casa abandonada. Duas tábuas ajudam atravessar para chegar a uma das partes da sua oficina. Quando chove tudo vira lama. Há uma mistura entre sua oficina e seu quintal. Comentei que ele tinha até tartaruga. “É jabuti”, corrigiu. Ele gosta do seu espaço, da natureza, já morou em São Braz. Não pretende mudar de endereço, não gosta de ir para o centro. Geralmente seus clientes que o procuram. Percebi na conversa uma autovalorização pelo seu trabalho, se orgulha do que faz e sabe da sua importância nas peças. Apesar de poucos conhecerem seu nome. Ele sabe muito bem quem é. Gosta do seu ambiente, do seu trabalho, da sua casa. Seu amor torna sua peças indispensáveis para a construção das joias.

Continuei fazendo aquela observação do espaço. A área de serviços ainda é das antigas, o antigo giral com panelas, o tanque, o chão bruto, com a chuva vira um lamaçal, galinhas por todos os lados e árvores. Do outro lado é uma espécie de depósito. De lá ele vinha com várias peças para me mostrar. Ele entende, sabe onde está peça a peça. A cada parada para admirar seu trabalho, seu Eugênio respondia minhas perguntas. Seu Eugêncio é um grande conhecedor naquilo que faz, tem a prática, anos de experiência peça fundamental, assim como um designer, ourives ou qualquer outro que faça parte da produção de uma biojoia.

“Logo que comecei com as biojoias, a Xuxa no seu auge usou uma pulseira minha, abriu a boca dizendo que comprou na França, mal sabe da onde veio. Made in Tenoné, brincou”. O artesanato de Eugênio conquistou o conceituado estilista francês Yves Saint Laurent, que sempre fazia encomendas e vendia para classe alta. Após seu falecimento sua empresa não entrou mais em contato com ele. 

Percebi com a história de seu Eugênio, o quanto nossos artistas são esquecidos por nós mesmos. Seu trabalho percorreu e ainda percorre o mundo. A valorização de um produto na maioria das vezes é dada para os conceituados de fora. É uma inspiração a história de simplicidade de um artesão que ama o que faz. É pé no chão. Sabe como as transações do mercado funcionam. O que deixava irritado, hoje não deixa mais. Eugênio de Oliveira. Grava esse nome. Mestre do artesanato. Cria peças que sai de Belém do Pará, precisamente do bairro do Tenoné, para o mundo.

São José Liberto

Março de 1998 ficou marcado na história paraense, especialmente na do Prédio São José Liberto, localizado no centro da cidade. Não tem como esquecer a cena do líder da rebelião dos presidiários, José Viana Davi, conhecido como 'Ninja' sendo jogado por um lençol pelos presos. Na época muitos horrorizados presenciavam as cenas e acompanhavam a rebelião dos presidiários que tinha vários reféns. Parentes cercavam o prédio desesperados. Na mídia local e Nacional era a manchete. Foi chocante. O governo desintegrou o prédio e o reformou. O prédio hoje é visto com outros olhos em Belém do Pará e no mundo.
Arquivo

Em 11 de outubro de 2002, o Espaço São José Liberto teve outra utilidade. O antigo presídio, agora abriga o Museu de Gemas do Pará, o Pólo Joalheiro e a Casa do Artesão. O prédio antigo que marcou tragicamente a vidas de muitos, hoje é destinado a uma economia criativa que ganhou o mundo: as Biojoias.

 Hoje São José Liberto é uma referência de indústria criativa e turística de Belém do Pará, onde é possível ter o contato com a cultura,  riquezas minerais e vegetais do estado. Na criação de uma peça, vários profissionais são envolvidos, cada um com um papel fundamental. Historias diferentes, níveis sociais diferentes, mas todos  competentes e felizes com que fazem, tornando as biojoias um diferencial de beleza e criatividade.

Fica claro, que o espaço do São José Liberto teve um novo cenário. O que assombrava, com histórias tristes, hoje reluz, não apenas com as pedras espalhadas que enfeitam o ambiente, mas com as suas novas histórias de superação e amor profissional.

Conheça: http://www.saojoseliberto



Veja histórias de alguns profissionais da cadeia produtiva




sexta-feira, 16 de setembro de 2016

O encanto do Esporte

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Gosto das Olimpíadas. Gosto do esporte, como ressocialização, como quebra de rotinas  de crianças e adolescentes em situação de risco. São histórias lindas e encantadoras.  Superação.  A própria história  das Olimpíadas tem um forte significado. A minha crítica é ao futebol, a corrupção, ao patrocínio direcionado mais a esse esporte, aos salários enormes de alguns jogadores. E que particularmente acho um esporte sem graça de ver. Cansativoooo....

Enfim, parabéns ao Brasil, que vem crescendo há algum tempo em vários outros esportes.

Parabéns às empresas e projetos que investem nesses garotos que poderiam ter um futuro triste e agora estão brilhando, dando orgulho a nossa nação. Não assisti essa tão falada abertura, mas os elogios são muitos e não esperava menos de um país cheio de problemas, mas com uma garra de encher os olhos de lágrimas. É um sorriso inexplicável, uma alegria que é nossa característica, mesmo com tantos sofrimentos, com tantas crises políticas, econômicas....

Ahhh, Brasil! Como te amo, por tudo que és. Talveis,  o que nosso país precisa mesmo é de mais patriotismo, não apenas na copa do mundo (só quando o Brasil ganha) , mas de pessoas patriotas para lutar pelo Brasil. Lutar por mudança política, igualdade social e pelos direitos garantidos a todos. Olhar para todos e não apenas para seu próprio umbigo.



#rio2016