Por: Micehe Lobo
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Na produção de joias do Pará, Paulo é um grande nome. São 15 anos de
pesquisa com gemas orgânicas. Ele utiliza vegetais que seriam descartados e
transforma em pigmentações, que em seguida é transformado em pedras. Um
verdadeiro cientista, conhecimento que transforma.
Paulo Tavares é ourives e pesquisador. Promove cursos no programa Polo Joalheiro. Foto: Michele Lobo |
Paulo Tavares é um idealista. Pensa na sustentabilidade. Nascido em Ponta de Pedras, teve um contato especial com a natureza. “Vivia como índio”, conta. Conversando com ele, se tira uma aula de conhecimento. É um pesquisador, um cientista. Entende de Química Orgânica, Botânica, Arqueologia, Biologia.
Já encantada com tanto conhecimento ele mesmo pergunta. “Você vai perguntar sobre meu grau de escolaridade, não é? Todos que me entrevistam perguntam. Não tenho grau de escolaridade, estudei apenas dois anos em escola de interior”, confessou. Naquela época, no interior, a escolaridade era apenas para o voto, bastava saber escrever o nome. Sua primeira profissão foi de ourives. Geralmente não são profissionais que se dediquem ao estudo. “Todo conhecimento que tenho é do que corro atrás”, explica.
Na produção de joias do Pará, Paulo é um grande nome. A mídia nacional sempre o procura. São 15 anos de pesquisa com gemas orgânicas. Um diferencial para as joias paraenses. Ele utiliza vegetais que seriam descartados e transforma em pigmentações, que em seguida é transformado em pedras.
“Daqui a algum tempo a maioria das gemas minerais vão acabar, não são renováveis, penso nisso, no futuro”, ressaltou, Paulo. Açaí, pimenta, jambú, urucum, mandioca, pau-brasil, pupunha, etc. Dão origem a pedras de diversas cores, que se semelha com as originais e o melhor, são renováveis.
Além da admiração pelas cores regionais, preza pelo reflorestamento e reaproveitamento de materiais orgânicos “Eu não desmato, não retiro da natureza, reaproveito, planto mudas, faço o que gosto. Se trabalhasse em um escritório de paletó, acho que nem estaria vivo” brinca.
Paulo Tavares mostra uma de suas criações, um filtro para aproveitar água da chuva. Foto: Michele Lobo |
Sua vida é dedicada à natureza. As gemas não estão voltadas ao setor comercial. Paulo também colhe materiais recicláveis, não tem vergonha do que faz. Não possui renda fixa, vive de consultoria, dos cursos que promove no Polo Joalheiro para todas as áreas de produção das biojoias. “Vendemos para os designs, mas não em escala produtiva, gasto mais com as pesquisas do que ganho,” garantiu.. Paulo vai continuar com seu sonho, de tornar o mundo mais agradável com a natureza. Deixou uma lição para nós, que apenas falamos de sustentabilidade, mas não praticamos.
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